CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

CASA PODEROSA DOS FILHOS DE YEMANJÁ

sábado, 29 de julho de 2017

Historia da Africa onde tudo começou...



História da África - Cronológica

EXTRAÍDO DOS LIVROS "DICIONÁRIO YORUBÁ-NAGÔ-PORTUGUÊS", "DICIONÁRIO ANTOLÓGICO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA" E "ZUMBI DOS PALMARES, A HISTÓRIA DO BRASIL QUE NÃO FOI CONTADA" DE EDUARDO FONSECA JÚNIOR.

DATA HISTÓRIA

5000 à 4000 a.C. Os negros ocupavam a África, até então habitada pelos prováveis ancestrais dos atuais pigmeus. Encontramos, na Núbia, relevos rupestres.

3000 à 2000 a.C. Invasão egípcia à Núbia. Exploração das minas na Núbia. Exploração da baixa Núbia pelos governadores de Elefantina. Pepi I faz esculpir na Núbia os obeliscos para Heliópolis.

2000 à 1800 a.C. Entrada de ODÙDÚWA na África Negra. Pacto entre Jeovah e Abraão. Pacto entre OLODUMARÉ e Nimrod (Oduduwá). Início de dinastia Yorubana.

1558 à 1400 a.C. Fundação de ILÊ-IFÊ e OYÓ. Aparecimento de OKANBI, ORANIAM, AJAKA E XANGÔ. Expansão egípcia até o Sudão. Criação no Sudão do Culto à DEUSA SERPENTE. Dados históricos de um chefe branco (Oduduwá), comandando um exército de negros. Fundação da província de KUS. Advento de Amenofis I. Introdução do cavalo no Egito pelos Hycsos. Reina Tutmes I. Reino da Rainha Hatashepsut (corresponde à 18ª dinastia).

Séc. XIV/XVIII Fundação do Templo de Amon em Soleb. Reina Amenofis IV no Egito em 1372 a.C.

1354 à 1346 a.C. Reina Tutankamon. Restabelecimento do culto a AMON.

Séc. XIII/XII Êxodo dos judeus do Egito.

1301 à 1235 a.C. Introdução de estranho metal (aço) no Egito.

Séc. VII/VI até IV Aparecimento da civilização NOK. Artesanato em terracota, que persistirá até o primeiro século a.C.

605 à a.C. Rei Necau II é derrotado por Nabucodonosor.

505 a.C. Egito é conquistado pelos Persas.

Séc. II/II/I Divisão das artes helênicas.


332 a.C. Conquista do Egito por Alexandre, o Grande.

143 a.C. Destruição de Cartago pelos romanos.

Anno Uno ou -5 Nascimento de Jesus Cristo em Belém, Judéia.(consoante ao Calendário Gregoriano -5 anos na Era Cristã)
Até o Séc. IV Fundação da primeira dinastia de Ghana com 44 soberanos. Infiltração do cristianismo na Arábia do Sul. Fundação da Meca, que se transforma em um grande centro comercial.

550 Viagem do legendário monge irlandês São Brandão às ilhas Madeira e Canárias.

660 Primeira exploração das minas de ouro no alto Senegal. Primeiro reinado Nupe. São descobertos os tesouros faraônicos no Egito.

790 Assassinato do príncipe regente de Ghana, que passa o domínio para Kaya Maghan, rei de Uagadu.

890 Os Djermans impõem seu domínio. Islamização da África Oriental. Introdução pelos árabes do caurí (búzios), moeda corrente que domina todo o interior da África. Descoberta das torres e tumbas de pedras, em Angola. Desabrochar da cultura do bronze na Nigéria. Cultura Ifé imposta em cerâmica, bronze e quartzo.

990 Princípio da emigração dos Bantos da África Central para a África Austral. Tomada de Ghana por Audaghost.

Séc. XI Soberano de Gambaga estende sua influência por todo Alto Volta.
1010 Os Djermas transladam a capital de Sonrhai para GAO. O soberano dos Djermas se converte ao Islamismo. O historiador árabe El Bekri faz a primeira descrição histórica da África, situando a capital de Ghana.

1050 Chefe da província do Mendes se converte ao islamismo. Primeira monção por El Bekri do Império de Bornu.

1061 à 1075 Um chefe almoravita empreende uma guerra a Ghana, que se desmantela.

1083 Uma Embaixada de negros é enviada à China ante o Imperador Cheun-Tsung.

1086 Conversão do soberano do Bornu ao Islamismo. Na Europa o Papa Gregório VII prepara sua primeira cruzada. Os árabes iniciam o comércio de porcelanas e moedas.

Séc. XII Formação dos reinos Mossi na cabeceira do rio Niger. Fundação da primeira cidade Haussa. Dinastia totalmente muçulmana em Bornu. Construção de Zimbabwé.

Séc. XIII Formação dos reinos de Gongo. Instalação do Império do reino Dagon à margem do Rio Bandiagara. Assassinato pelo imperador dos Sossos de um príncipe de Mendes e seus onze filhos; o décimo segundo filho Sundiata, se salva e reúne um exército restabelecendo a autoridade.

1234 Sundiata devasta Tinkisso, ataca os Bambara do leste e entra em Dieriba, a capital.

1235 Derrota do imperador dos Sossos. Durante o reinado de Sundiata, desabrocha a economia de Mali.

1255 Morre Sundiata.

1275 Estando a dinastia de Ifé em seu apogeu os Yorubá dominam Nupe. Formação do artesanato de bronze de Benin por um artista chegado de Ilê-Ifé. Morte de São Luiz em Tunis.

1291 Genovês Vivaldi na costa ocidental da África.
Séc. XIV Conversão dos príncipes Haussas ao Islamismo. Descoberta na África Negra, de máscaras, adornos e jóias de ouro de dinastias extintas. Reinado de Kan-Kan (Congo)

1324 Kan-Kan provoca miséria em seu povo, pelos seus gastos excessivos em ouro.

1375 Kan-Kan se transforma em Imperador dos Mandingas.

Séc. XV Os Messi, os Tuareg e os Sonrhai atacam Mali. Primeira chegada dos portugueses a Benin, para admirarem o artesanato em bronze.

1442 Nuno Tristão chega ao país dos Negros.

1446 Pedro de Sintra chega à Serra Leone. Tomada de Constantinopla. Fim da guerra dos Cem Anos.

1470 Francisco Gomes obtém o monopólio do comércio da Guiné por cinco anos.

1484 João II rei de Portugal, acreditando que Mali é um poderoso Império, manda seus embaixadores a Mali. Diogo Cão chega a Angola, descobre o rio Congo. Aproximação de Portugal com Manicongo e Matamba.

1490 Batismo do rei do Congo, com o nome João I. Filho do Manicongo é sagrado Bispo do Congo por Roma.

1492 Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança e os portugueses invadem o Zimbabwé. Colombo descobre a América.

1498 Francisco Pizarro invade o Perú, assassina Athaualpa. Começa a destruição da cultura Inca. Fuga de Ayoascar, irmão de Athaualpa para o Brasil. - Mesmo período Fernão Cortez destroi a cultura Asteca de Montezuma e Gualtemoc.

1500 aD. Desabrochar na atual Ghana, dos impérios de Adansi e Ashantis. Primeira revolta no Congo contra o Cristianismo rola o sangue negro. Descoberta em Benin a cabeça da Rainha Mãe. Leonardo da Vincci interessa-se pelas artes Orientais. Os portugueses aliam-se a Benin que envia uma embaixada negra a Lisboa.

1545 aD. Autorização do tráfico de escravos para as colônias das Américas.

1548 aD. João III de Portugal envia jesuítas ao Congo. A capital do Congo passa a ser São Salvador. Bula pontifícia de Paulo II conferindo o título de homens (seres humanos) aos indígenas dos países recém-descobertos de Portugal. Caça aos índios no Brasil para a escravidão. Guerras Justas provocam matança de índios em alta escala para lhes tomar as terras litorâneas do recém-descoberto Brasil.

1550 aD. Construção portuguesa na África.

1559 aD. Chegada dos primeiros escravos negros ao Brasil para o Colégio da Bahia – Padre Nóbrega, o 1º catequista humano e liberal do Brasil.

1580 aD. Felipe II de Portugal manda Carmelitas ao Congo. Decadência total do reino de Congo.

1590 aD. Os Adansis dominam o grupo Akan-Ashanti. Começo do segundo período de artes de Benin: placas de bronze nos pilares dos pátios internos dos palácios de Benin. Publicação na Europa de um elogio a Duarte Lopes, pelas informações de infra estrutura das tribos no Congo. Tradução de diversas línguas africanas por De Bry.

Séc. XVII Fundação do Reino Bambara em Karta. Cartógrafos franceses em viagem de reconhecimento da África. Apogeu do rei dos Bakuba. Protesto e dissidências entre os Yorubás.

1602 Olfert Dapper descreve Benin para Amsterdam.

1610 Fundação do Quilombo dos Palmares.

1612 Daniel de La Touche, corsário francês, invade o Maranhão e funda a cidade de São Luís em homenagem ao rei de França.

1627 Os holandeses invadem Salvador, Bahia.

1630 Os holandeses desembarcam em Pau Amarelo, conquistam Olinda e Recife. Aliados a brasileiros expulsam os portugueses.

1637 Maurício de Nassau chega ao Brasil, iniciando o desenvolvimento da Colônia. Carta de Nassau a Amesterdã descrevendo a têmpera dos brasileiros, e declarando apoio à Palmares (Zumbi), colonos e piratas brasileiros.

1638 Maurício de Nassau invade São Paulo de Luanda em Angola conquistando-a para a Capitania de Pernambuco. Com apoio de Maurício de Nassau, Pieter Jansen Bas e Dom José do Vale, o corsário brasileiro conhecido por Cabeleira, invadem o Maranhão e derrubam o governador português Bento Maciel Parente.

1640/1650 Bambushê Adinimódó, sumo-sacerdote dos Mahiis (Dahomé), trava contato com Isaak Abuab da Fonseca, primeiro rabino do Brasil colonial (Recife) e assume diante de Zumbi dos Palmares a liderança político religiosa dos quilombos.

1625/1650 Fundação por DEKO do Império do Dahomé. Por dissidência dos grupos Yorubás surge o grupo dos Fons. Data presumível, África.

1651 Os holandeses fundaram na África do Sul a cidade do Cabo.

1652 Início das guerras aos Quilombos dos Palmares.

1680 Sublevação ashanti e fundação do império ashanti. Princípio da decadência da arte de Benin.

1691/1695 Conselho Ultramarino ordena a destruição de Palmares que só se concretiza em 1695, após um sítio de 5 anos por 9 mil soldados.

1713 Tratado de Ultrecht que regulamenta o tráfico de escravos.

1727 Dahomey: ocupação do reino de Allada por Agadja, sucessor e irmão de Akaba.

1729 Agadja controla todo o litoral Dahomey.

1730 Morte do imperador ashanti Koffa Kalkalli, e é feita sua máscara de ouro. Querelas por sua sucessão. Emigração de um grupo Ashanti enviado pela irmã de Dakon, que funda o reino de Baule na Costa do marfim.

1730/1749 Reinado de Apoku Auêre, que deslancha militar e economicamente o reino Ashanti.

1738 Os Yorubás aliam-se a Abomey durante o reinado de Tegbêssu. Os Yorubás rompem o acordo e tentam cobrar um tributo anual a Abomey.

1739 Chegada de membros da Família Real do Dahomé a São Luís, Maranhão e integração dos mesmos com os remanescentes de Palmares e tribos locais.

1775 à 1789 Rei Kapengla tenta libertar o reino de Dahomey do jugo Yorubano.

1789 à 1797 Debilitação da autoridade real de Dahomey. Usman constitui na Nigéria um império muçulmano que agrupa os estados Haussa, o reino Nupe e o Cameron setentrional. Usman toma o nome de Afonjá (Muçulmano).

1800 Embaixada de negros dahomeanos em missão Oficial a Salvador – Bahia.

1810/1814/1815 Usman morre e começa um período de anarquia até 1900. 

Sua capital toma o nome de Ilorin. Inglaterra compra Colônia do Cabo.

1818/1858 Ghezo restabelece a autoridade no Dahomey e derrota os Yorubás e deixa de lhes pagar tributo.

1849 Os franceses fundam Libreville no Gabon.

1850 Extinção do tráfico de escravos no Brasil.

1851 Ghezo firma tratado com a França.

1853 Desaparecimento do Império Bornu.

1854 Morte de Adana, que fundou o império muçulmano no norte da Nigéria.

1858 Os primeiros missionários e colonos no Dahomey, durante o reinado de Gléglé.

1860 Guerra Civil americana pela extinção da escravatura.

1867 Descobrimento de diamantes na América do Sul, na cidade do Cabo das Minas de Monomotapá.

1874 Incursões inglesas contra os Ashantis.

1877 Inglaterra coloniza o Transvaal.

1884 Descoberta de ouro em Transvaal. Os alemães entram em Togo.

1888 Extinção da escravidão no Brasil.

1889 Behanzin por sua intransigência provoca a anexação do Dahomey pela França.

1889 Proclamação da República no Brasil. Chegada de colonos europeus. Escravos libertos são jogados na indigência pelo novo sistema de governo.

1890 Fim do reinado de Banbara

1897 Expedição punitiva dos ingleses a Benin. Anexação do país à Inglaterra. Os bronzes descobertos são levados para os museus europeus.

1898 Rev. Samuel Johnson lança seu livro “A História dos Yorubás” – em Oyó.

1900 Última sublevação Ashanti contra os ingleses. Anexação do Império Ashanti pelos ingleses.

1906/1907 Descobrimento da Arte Negra por Matisse, Braque e Picasso.

1914/1918 Guerra Mundial na qual participam os batalhões de negros 
recrutados nas colônias na África. Partilha entre os aliados das colônias alemãs.

1915 Carl Einstein publica o livro Nigerplastic.

1917 Guilherme Apolinaire publica o primeiro álbum francês, dedicado à escultura africana.

1920/1935 Grandes exposições de Arte Negra, na França: Marseille e Paris, em dois pavilhões – Marsan e Galeria Pigalle.

1930 Aparecimento do escultor Yorubano Bamgboye.

1937 Antigo Museu de Etnografia de Paris se transforma em Museu do Homem.

1944 Conferência de Brassaville.

1957 Kwamen Nkrumah liberta Ghana da colonização inglesa trocando o antigo nome de Costa do Ouro para República de Ghana.

1958 Sublevação das colônias africanas.

1963 Independência total da Nigéria, deixando a rainha da Inglaterra de ser o primeiro mandatário do país, adquirindo o nome de República Federal da Nigéria.

1964 Fundação da O.U.A.: Organização da Unidade Africana. Esta organização foi planejada em 1957 por Nkrumah. Movimentos de Libertação na África Frelimo, CNA, FNLA, MPLA, SWAPO, UNITA.

1975 Os Bantos conseguem a independência de seu país Angola, que se transforma em República Socialista de Angola, saindo do jugo português. Revolução dos cravos Vermelhos em Portugal, fato que altera a política para as Colônias Ultramarinas da África.

1975-1992 Os resultados da descolonização de Angola, feita sem o devido critério e análise dos conflitos étnicos existentes desde o seu descobrimento, gera, por culpa de Portugal, vinte e cinco anos de governos totalitários e uma guerra que matou mais de dois milhões de angolanos. Os responsáveis foram: Eduardo Soares, Holden Roberto e Jonas Savimbi.

1999 A fome, a miséria e a morte imperam na Somália, Burundi e em várias outras recém criadas repúblicas, matando milhões de crianças e mulheres diante do descaso dos países do Primeiro Mundo, que assistem impassíveis à apocalíptica destruição da Velha Mãe África que um dia supriu seus celeiros e povos com o imprescindível braço e sangue negro.


domingo, 23 de julho de 2017

Yemoja



Todos falam de Yemoja, mas quem é essa mulher?

Yemoja é uma Mulher honrada.
Yemoja é rainha de dois rios,
Nove lagos e de todo o oceano.
Yemoja foi desposada por oito Orisá.
Yemoja nasceu dezesseis vezes sobre a terra.
Yemoja foi visitada por Olorum.
Yemoja é filha de Olokun, irmã de Aganá, Anabí, Ogunasomi, Torô e Oja.
Yemoja que teve a má sorte de seu primeiro filho ser seu inimigo.
Yemoja que abriu Alafia em Meridilogun e nas favas de Odé.
Yemoja que recebeu Yewa em Egba.
Yemoja que foi recebida em Ketu por Esu.
Yemoja que tem duas espadas que ganhou de Ogun Alagbede.



Yemoja que tem Ologun como familiar.
Orisa Ogyan saúda Yemoja no dia de seu banquete.
Yemoja que usou um Ofá para defender sua casa dos homens malvados.
Yemoja que enganou os subordinados de Oke com doze espelhos na praia.
Yemoja que criou duzentos filhos, mas apenas quatro possuem seu sangue.
Yemoja que come a carne da pata bem temperada e divide seu alimento com prazer.
Yemowo e Yemú são as anciãs parentes de Yemoja.
Yemoja que nas terras de Tapá foi eleita Rainha.
Yemoja que fala por Ori e Ori acata suas decisões com fidelidade.
Yemoja que curou Orisa Nla com o peixe.
Seis Alafin conheceram Yemoja.
O primeiro Ooni de Ilê Ife conheceu Yemoja.
Yemoja que se embriagou de vinho as margens do rio Ogun.
Yemoja que foi ameaçada por um animal feroz e bateu a cabeça da criatura contra o tronco da árvore.
Yemoja que cortou a língua do marido.
Yemoja que possui um leque de palha e e um espelho de metal polido.
Yemoja que na cabeça traz a coroa de Osumare.
Um homem enfrentou Yemoja com uma espada mas Yemoja o desarmou e o puniu severamente.
Yemoja que tingiu o mar de azul.
A familia das Ajé não atentou contra Yemoja pois sabiam que ela é a favorita de Olorum.
Yemoja que tem o cabelo mais longo que o rabo do cavalo selvagem.
Yemoja que se aborreceu com a soberba de Sango e o aterrorizou com seus feitiços.
Yemoja que apazigou Oya em sua fúria.
Yemoja que é rival de Anabuku.
Yemoja que é como um peixe leão.
Yemoja é um Orisa magnifico.
Os seiscentos Orisas se calam para ouvir a boa palavra de Yemoja.



Yemoja é digna.
Yemoja tem a mão pesada como a do ferreiro.
Yemoja tem compaixão por todo o que lhe pede socorro.
Yemoja que compartilhou de sua fortuna com Jeholu.
Yemoja que é senhora da lua cheia.
Yemoja que tem os seios fartos.
Yemoja é a mulher que não aceitou ser submissa.
Yemoja que ata a criança recém nascida em suas costas e vai para o rio.
Yemoja é ancestral de uma nação.
Yemoja é negra é orgulhosa em ser como um carvão.
Yemoja é Orisa.
Yemoja é minha mãe.
Odoyá Yemanjà.


Iroko o Soberano Deus de infinitas possibilidades



Iroko é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra.

 Iroko é a própria representação da dimensão Tempo. Iroko é o comandante de todas as árvores sagradas, o vanguardeiro, os demais Osa Iggi devem-lhe obediência porque só ele é Iggi Olórun, a árvore do Senhor do Céu.

Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou Congo.

Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam directamente na sua acção eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios.
É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.



É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o colectivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.
Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko representa a história do Ilê (casa), assim como do seu povo… protegendo-o sempre das tempestades.

Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar” nas festas de santo. É reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa. Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.

Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

É importante dizer que esta árvore faz parte do culto de Ifá e foi sobre ela que as feiticeiras pousaram e não tiveram sorte.

Há um grande fundamento dessa árvore ancestral ligada diretamente a Obatalá em um orikí: “Iroko Olúwére, Ògìyán Èèijù”.

Qualidade: Iroko Olúwére, a energia que mora dentro da árvore Iroko.



Maganbelle ou Agangbele a Rainha de dois impérios africanos !



 Deusa da família de Oyá, usa o marrom avermelhado, seu igbá é montado no barro quando com Iroko e no cobre quando com Xangô, deusa da Guerra, defensora de seu  território, corajosa deusa altruísta, bela, inteligente e destemida. 

Tem fundamento com Iroko e Xangô. 

Não tem medo da morte pois ele mesmo conhece a sua loucura,  terceira esposa do Rei Xangô que para ele exercia a função de fiel secretária e representante do Reino de Oyó,  foi recrutada para algumas das mais importantes missões para seu Rei.

Por sua curiosidade divide com Xangô o poder do fogo e dos Eguns, o trovão; Xangô chegou e tomou a cabaça que guardava o poder.




Belos e finos traços, é a  Deusa da irreverência, intolerância, desobediência e teimosia, fez o todo poderoso e soberano do tempo universal o deus Iroko se apaixonou perdidamente e o amor foi tão gigantesco que não hesitou em   toma-la como sua única senhora e rainha, culminado por seu casamente real reconhecendo a Deusa como  senhora do tempo, não o cronológico e sim o sideral. Dessa união titãnica a deusa sofreu , graves problemas e dificiuldades  quanto a geração de filhos


Seu assentamento deve ser feito aos pés de Iroko.


Ominibú a bela guerreira esposa de Obaluaiyê



Oxum Ominíbú, jovem, bela,  guerreira e esposa de Obaluaiyê !

A Senhora das águas médias do rio pois das águas profundas a senhora é sua irmã Ijimú a esposa de Ómólú,  Ominibú te deixará inteligente e sensível, coragoso, intuítivo. Ajudará na saúde. Mas poupe seu dinheiro.



Simbologia:
Oxum é representada pelo abèbè (leque sagrado). e como é uma guerreira uma lança dourada


Dia: 
Sábado, bom para encontros.

Oferenda:
Egbo pupá eyin adiè – canjica com mel, e gemas cozidas de ovos de galinha.

Cores:
Amarelo mel.  


 Ominibú é sensível e delicada porém uma guerreira destemida, corajosa em defender seu povo, seus ideais e seus amores



.  É a Deusa do amor e da beleza e da defesa, controla o meio dos rios e é associada aqui no Brasil com Nsra. Senhora Aparecida. 

Seu número é o cinco (5) (odù òsé – mistérios). Sua saudação é “Òré yeye ofyderìman). (Salve, mãezinha doce!).


YEYE IJIMU, YGEMUN ou JUMUN



A Rainha de todas as Oxum.

Soberana e radical entre todas as Oxuns, Ijimú é a Mãe do Povo Jejê sendo ligada diretamente ao povo da família Jí ou Karejébe.

É a senhora da fecundidade e do feitiço, é velha e vira bruxa na beira do rio.
Ijimú mora nas profundezas dos rios junto com Iyá Ominibú.

Na África o orixá Oxum é originalmente da cidade de Ìjimu, sendo este mais um de seus epítetos que tornou-se no Brasil uma qualidade do orixá.

Veste branco, azul turqueza, rosa-claro e algum dourado velho. 

Carrega abebê, abedê e alfanje. 

Seus colares são feitos de contas de cristal amarelo escuro.

Come com Oxalá e Omolu. Não come bicho-fêmea.

É para essa Osún que se entrega a cabeça enrolada na hora da morte.

Essa Osún tem o poder de segurar uma gravidez conturbada ou mesmo impossível.

“Aquela que incha a barriga sem que haja gravidez”

Os ararás a chamam de “Tobosi” ou “Tukusi”.

Representa um tipo semelhante a Abalu, mas talvez mais meiga.

A cultuamos como um aspecto mais velho, sendo ela a própria personalização do mistério e da sabedoria do fundo dos rios.

Entre as que pegam os seus filhos, é uma das mais antigas e a única Oxum que através do jogo do búzio não responde por meio do odu Oxê (5).

Senhora do okutá, responsável por tudo que vive no fundo dos rios.
Esta demarcação leva 16 okutás em seu assentamento, sendo que apenas um é consagrado ao Ori.

É a grande responsável por todos os Otás dos rios. Está ligada à Xangô.

É ela quem guarda as pedras (16 + 1) 17 Okutás, que serão doados por ela para os assentamentos de todas as outras Oxum, que serão preparadas no Asé.

E o mais importante é que no caso de falecimento, o igbá desta santa não pode ser despachado, pois o mito continua, e, é daquele assentamento que continuará saindo os Okutás para as outras feituras.

Se não houver ninguém para dar continuidade ao mito, ninguém para herdar ou tomar conta, cabe ao sacerdote que estiver fazendo às obrigações do Axexê, devolver aqueles Okutás as águas da cachoeira.

Para isto deve-se ter um Xangô virado, para que ele com suas próprias mãos devolvam as águas os Okutás que sobraram.

É considerada por muitos zeladores como o terceiro caminhos das Ìyámìs.

Aspecto idoso e dado às feitiçarias tem estreita ligação com Ìyámi Eleye. 

Tendo estreita ligação com as IYAMI-AJÉ, ostentando, por isto, o título de Yalode.

Essa estreita ligação é que faz com que as OXUNS alcancem a vitória em suas brigas ou vinganças.

Ijimú carrega os segredos da cabaça de Yámin Osorongá, por isso muitos egbomis dizem que não é iniciada na cabeça de homem, não que seja errado, mas esse filho não irá poder exercer uma das funções principais do axé do seu santo, que é defender o poder ancestral feminino.


IJIMÚ



IJIMÚ, Oxum Ijimu

Ijimú mora nas profundezas dos rios junto com Yá Ominibú. 

Na África o orixá Oxum é originalmente da cidade de Ìjimu, sendo este mais um de seus epítetos que tornou-se no Brasil uma qualidade do orixá. 

Hoje temos uma riqueza de atos iniciatórios muito grande a respeito desse caminho, onde a cultuamos como um aspecto mais velho, a própria personalização do mistério e da sabedoria do fundo dos rios. Ijimú, ou Ijumú, carrega os segredos da cabaça de Yámin Osorongá, por isso muitos egbomis dizem que não é iniciada na cabeça de homem, não que seja errado, mas esse filho não irá poder exercer uma das funções principais do axé do seu santo, que é defender o poder ancestral feminino.


Ijimú e a Mãe do Povo Jejê

Ijúmu é ligada ao povo carijébe, ou como chamamos o povo de jejê, diz uma lenda Oxum Ijimú teve vários filhos, assim era mestra no cuidados as crianças, e acabou por se tornar responsável pelos nascimentos de seu povoado, ia de casa em casa, com o tempo sua fama cresceu, em um período que o reino de Nanã foi atacado por Ogum e seu povo teve que ir para a guerra, Nanã pediu a Ijimú que cuidasse das crianças de sua tribo, então ela os colocou em uma grande cabaça e os levou para o fundo do rio, até que a grande guerra acabasse, por seus favores e pelo amor com que cuidou dos filhos do jejê, Nanã lhe ofereceu dois brajás de búzios e uma abebé de madeira, em forma de boneca, com a parte superior em forma de cabaça, para que essa passagem nunca fosse esquecida.

Seus filhos

Seus filhos carregam a simpatia, educação e a sabedoria, são ótimos educadores, carregam no olhar a sinceridade. 

A memória boa é marca registrada, sempre estão prontas a escutar e adoram um bom papo. Na sua maioria, são modesto, pra elas sem admiração não há amor. 

Tradicionais, tem tendência aguçada ao misticismo e as artes ocultas


Yá Sussurê a verdadeira Mãe de Omolú !



Uma das mais poderosas filhas da Deusa Soberana dos mares Yáòòkúm, Deusa da saúde, fortuna, fertilidade e rainha do fundo dos mares, lodo e lama.



Rege todos os seres do profundo  Mar, os animais que estão sob condições extrema de pressão, onde a luz solar não tem seus domínios.



Uma deusa rara onde seus filhos como ela são espécies incompreensíveis !



 Sua personalidade é tão pesada quanto a pressão marinha, Yásussurê é sem dúvidas umas das mais poderosas feiticeiras ligara ao culto Gélédé, sua cor por ser uma deusa das profundesas é o azul marinho transparente e  branco cristal em casos especiais, intercalados, 

Irmã mais velha de Yá Asessú.

Yá Sussurê é a Deusa razão

Yá Sussurê é a Deusa da compaixão, da sabedoria e da proteção de tudo que está sob as condições de dependência, doentes, idosos, crianças, cegos, dependentes químicos etc.




lenda:

Omulu, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo.

Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.

O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol.

Um dia Iasussurê chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho.

E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.

Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. 

Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia,para que o mar o levasse. 

Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne. 

Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iasussurê saiu do mar e o encontrou.

Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até que o bebê se recuperou. Então Iasussurê criou-o como se fosse seu filho.


sexta-feira, 21 de julho de 2017

Tereza de Benguela a rainha negra de Mato Grosso.


Capa / Século XVIII / XIX / Tereza de Benguela a rainha negra de Mato Grosso.


Tereza de Benguela a rainha negra de Mato Grosso.


Pela memória das mulheres quilombolas que lutaram pela liberdade de seu povo

Esta é uma homenagem à Teresa de Benguela, mas também às Marias, Tia Felicidade, Mariana Crioula, Zeferina e muitas outras quilombolas que lutaram heroicamente pela libertação do povo negro.

Teresa de Benguela foi uma líder do quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, não se sabe se africana ou brasileira. 

Dizem que liderou um levante de negros e índios, instalando-se próximo a Cuiabá, não muito longe da fronteira com a atual Bolívia. 

Durante décadas, Teresa esteve à frente do quilombo, o qual sobreviveu até 1770, século XVIII.

No período colonial e pós-colonial no Brasil, os quilombos, espaços de resistência de homens e mulheres negros, reuniam milhares de habitantes, dentre eles negros/as, indígenas e brancos pobres. Estes habitantes eram denominados de quilombolas ou mocambeiros. 

Estes termos aparecem na documentação desde o século XVI.

O quilombo mais conhecido entre nós é o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas. 

Este quilombo é considerado por muitos especialistas um “estado africano no Brasil”, por outros é considerado a “República de Palmares” devido sua extensão territorial. 

Seu líder Zumbi dos Palmares foi decapitado, no entanto a historiografia não sabe precisar ao certo como se deu sua morte. 

O que sabemos é que Zumbi faleceu no dia 20 de novembro de 1695. 

Por isso, o dia da Consciência Negra é comemorado nesta data, com a finalidade de homenagear toda a população negra que lutou bravamente pela libertação do açoite, que liderou levantes em busca da liberdade e que construiu o patrimônio social e cultural brasileiro. Nossa homenagem, em especial, às mulheres negras quilombolas que resistiram bravamente à opressão e lutaram pela libertação de seu povo.


Negros não são descendentes de escravos




O objetivo deste texto é desmascarar a secular tradição que insiste em afirmar que os negros brasileiros e americanos são descendentes de escravos. Tal costumeira afirmativa não é verdadeira. É apenas um pérfido jogo de palavras

O objetivo deste texto é desmascarar a secular tradição que insiste em afirmar que os negros brasileiros e americanos são descendentes de escravos. Tal costumeira afirmativa não é verdadeira. É apenas um pérfido jogo de palavras ideológico.

Ela é mantida apenas pelo interesse político em utilizar os segmentos afrodescendentes como massa de manobra servil, quer como mão de obra, quer como contribuintes alienados ou curral eleitoral.

Detalhe fundamental. Este crime simbólico tem raízes profundas. Sua origem está no medo que os brancos tiveram dos negros por muito tempo. Isto porque em pontos chaves do país a população negra chegou a ser maior que a de brancos. A preocupação com a segurança nacional só foi resolvida com os investimentos oficiais na imigração branca. Daí, os negros se tornaram minoria. Vestígios do antigo medo, no entanto, sobrevivem no imaginário.

Vamos aos fatos relativos ao assunto deste texto. É preciso ser pedagógico para confrontar toda a manipulação que empesteia livros didáticos, teses acadêmicas e a mentalidade geral.

Você já viu algum judeu dizer que, ele judeu, é descendente de escravo? É óbvio que não. Agora, você já viu algum brasileiro dizer que os negros são descendentes de escravos? Sim. Todos dizem isso.

Pois bem, então faça a comparação e se pergunte pelo motivo da diferença. Os judeus foram utilizados como escravos no Egito por 430 anos. Sem contar outros 70 anos de confinamento na Babilônia. Só que os judeus se identificam como pessoas originárias de um povo livre, anterior à escravidão.

Tal referência foi extraída dos afrodescendentes nas Américas. Por isso, nós brasileiros, aceitamos com naturalidade a tradição de limitar a identidade dos negros como descendentes de escravos. Ninguém se preocupa com a evidência, também óbvia, de que eles eram originalmente livres na África. A preferência é estigmatizá-los como descendentes de escravos. Este é um reducionismo ideológico contra o humanismo.

Todo o pensamento que podemos ter sobre afrodescendentes ficou limitado à fronteira do navio negreiro para cá. Época da humilhação e da miséria. Ninguém fala do antes.

Trata-se de uma imposição cultural para inviabilizar a possibilidade de pensar o negro original como livre, independente, guerreiro, em estado de natureza, ou, principalmente, com civilização própria e sustentável.

À cultura comum tornou-se inviável pensar a civilização de Cartago, com Aníbal, ou qualquer dinastia egípcia negra. No que devem ser incluídos os guerreiros muçulmanos do século VII, negros conquistadores.

Daí a pergunta: dá para perceber nisso a intenção de apagar a ancestralidade guerreira dos negros? Cartago, muçulmanos, guerreiros? Nem pensar.

Por isso tudo foi eliminada a possibilidade de compreender a negritude como originária de pessoas livres que, em determinado momento, foram utilizadas como escravos.

A escravidão no Brasil durou 300 anos. Tempo bem menor que os 500 anos dos judeus no Egito. Então, porque os judeus não se dizem descendentes de escravos enquanto nossa cultura repisa o estigma ao testemunhar que negros americanos são descendentes de escravos? Para quem entende o termo, isto é pura ideologia, é mentira em forma de verdade aparente.

A quem se apressar a refutar a comparação entre uma escravidão e outra, cabe ressaltar que, apesar da distância no tempo, sabemos muito mais sobre a escravidão dos judeus do que da escravidão no Brasil. Não obstante a primeira datar de 3500 anos e a nossa de 125 anos.

E coloco no ar uma suspeita. Há por aí uma movimentação de “levar a cultura negra às escolas”. Não vi, não sei. Parece algo como um programa pedagógico de alegada disposição por democracia racial que inclui elementos do assunto em escolas públicas.

Daí, me pergunto. O que será que irão fazer com isso? Ainda não sei. Mas suspeito, reservadamente, que farão o de sempre. Inocular o veneno da tradição na mente das crianças dizendo que os negros são descendentes de escravos e nelas incutir o sentimento de inferioridade e ressentimento. O que a máquina do Estado poderia oferecer às escolas sobre a liberdade original dos povos africanos se nem os historiadores brasileiros têm informações a respeito? Gostaria muito de saber que minhas suspeitas são infundadas, mas até prova em contrário as mantenho. Infelizmente.

Diante de tais argumentos, considero nossa historiografia tradicional tão canalha quanto vagabunda. Primeiro, por desprezar o espírito de liberdade que deve nortear o humanismo. Os historiadores não poderiam compactuar com o objetivo reducionista de identificar uma etnia por um momento de 300 anos por ela vivido. A história da negritude atravessa milhares de anos. Porque escolher exatamente o pior para exibir nas salas de aula como identidade permanente de um povo? Em segundo, é vagabunda porque a historiografia nativa vive de repetir o que encontrou pronto, não vai além do que recebe forjado, como a afirmação de que os negros são descendentes de escravos.

Mas nem tudo é estupidez. Pela primeira vez em Rio Claro, algo provavelmente incomum em muitas partes do país, tem-se uma mostra cultural que renega a exploração da cultura negra como pobreza, miséria e escravidão.

É a exposição “Ogum”, sobre raízes africanas, aberta no Shopping Center Rio Claro. Ali se vê material simples, artesanatos, roupas e demais peças, mas suficiente como mostra da estética africana pré-escravidão. Uma beleza. Já não era sem tempo. Sinal que se aproxima a hora em que se dará um fim na canalhice de identificar a alma das pessoas por momentos da história. Os negros, pois, são descendentes da liberdade.

FONTE:http://www.guiarioclaro.com.br/materia.htm?serial=151013047


25 DE JULHO – DIA DA MULHER NEGRA LATINO AMERICANA E CARIBENHA




O mês de julho marca para as mulheres negras uma data importante a ser celebrada: 25 de julho – Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe e o Dia de Tereza de Benguela. 

A data foi instituída em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. 


A partir daí, o movimento de mulheres negras tem atuado para dar visibilidade à data, mostrando as condições de opressão de gênero e raça vivenciada pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas. 

Em 2009 foi instituído o 25 de julho também como Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra, em reconhecimento a luta das mulheres negras brasileiras, e homenageando a líder quilombola do século XVIII, Teresa de Benguela, do Quilombo Quariterê, em Mato Grosso. TERESA DE BENGUELA




Teresa de Benguela era considerada a Rainha Negra do Pantanal. Não se sabe ao certo, seu local de nascimento, se África ou Brasil. Benguela foi um reino autônomo africano. Hoje, é um importante distrito Angolano. 


O que importa, porém, é seu exemplo de garra e competência na luta contra a opressão. 

O Quilombo do Quariterê ficava próximo à fronteira do Brasil. Sob a liderança da Rainha Teresa, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770. 

A Rainha Teresa comandou a estrutura política, econômica e administrativa do Quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou resgatadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja. 

O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuÍa teares onde se fabricavam tecidos, que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes. 

Valente e guerreira ela comandou o Quilombo do Quariterê, este cresceu tanto sob seu comando que chegou a agregar índios bolivianos e brasileiros. Isso incomodou muito as autoridades das Coroas, espanhola e portuguesa. 

A Coroa Portuguesa, junto à elite local agiu rápido e enviou uma bandeira de alto poder de fogo para eliminar os quilombolas. 

Tereza de Benguela foi presa. Não se submetendo a situação de escravizada, suicidou-se. 

Em diversas situações, a história dos heróis negros e heroínas negras estão imbricadas à luta geral da população negra em contraposição ao escravismo e/ou outras várias formas de racismo presentes na sociedade brasileira. Mas é importante salientar que muitas dessas personagens continuam anônimas na história brasileira.

fonte: http://blackpagesbrazil.com.br/?p=3527